Por Natal Furucho
Realizado todos os anos em junho, o Exame Nacional de Admissão ao Ensino Superior da China, chamado de Gaokao, é considerado um dos processos seletivos mais exigentes do mundo. O resultado da prova pode decidir o destino acadêmico e profissional de um estudante, sendo o principal critério de ingresso nas universidades chinesas.
O exame é dividido em disciplinas obrigatórias, como Chinês (com redação), Matemática e uma Língua Estrangeira, geralmente o Inglês. Os candidatos ainda escolhem entre áreas de Ciências (Física, Química e Biologia) ou Humanas (História, Geografia e Política). A aplicação se estende por dois ou três dias, com duração total que pode ultrapassar nove horas de provas. Muito parecido com o nosso ENEM que é aplicado ao jovens brasileiros.
A pressão sobre os estudantes é enorme. Muitos se preparam por anos, com rotinas que chegam a 14 horas de estudo por dia. Em 2025, mais de 13 milhões de jovens participaram do exame em todo o país. O desempenho no Gaokao é determinante para conquistar uma vaga nas principais instituições de ensino da China, como a Universidade de Pequim e a Universidade Tsinghua.
Esse exame é muito importante para os jovens e os chineses se preocupam em garantir o máximo de tranquilidade para os estudantes, a ponto de, durante os dias de prova, cidades inteiras entram em modo silencioso. Buzinas são proibidas nas proximidades dos locais de exame, obras são suspensas e até a movimentação em áreas escolares é restringida.
Apesar de ser visto como um símbolo de meritocracia e mobilidade social, o Gaokao também enfrenta críticas. Desigualdades regionais, disparidades no acesso à educação e a alta pressão psicológica sobre os jovens são pontos recorrentes de debate na sociedade chinesa.
O país não vê o Exame anual apenas como um simples vestibular, o Gaokao é um evento nacional, com impacto direto na economia, na cultura e nas dinâmicas familiares chinesas. Para muitos jovens, é a oportunidade de transformar a vida e para o país, um retrato do peso que o conhecimento ainda carrega no futuro de uma geração.
O sistema chinês possui 3.047 instituições de ensino superior e mais de 47 milhões de estudantes em graduação e pós-graduação, tornando-a a maior rede de ensino superior no mundo. Em 2024, estabeleceu um novo recorde em formação superior, foram mais de 11,79 milhões de formados.
É impressionante como nos últimos anos o ensino superior no país tornou-se vital para o desenvolvimento do “novo mundo” encabeçado pela nação mais poderosa do mundo em ciência e tecnologia. Em 1990 a escolarização superior era de 10% e saltou para 60% em 2023.
As principais áreas de graduação nas universidades da China, são:
1. Ciências Exatas e Engenharia
- Ciência da Computação, Engenharia Eletrônica, Automação e Engenharia Elétrica estão entre os cursos mais concorridos, impulsionados pelas demandas de IA, semicondutores e tecnologia.
- Universidades renomadas, como Peking University, Tsinghua e Shanghai Jiao Tong, expandem vagas em informação, engenharia, circuitos integrados e novas energias.
2. Medicina e Ciências da Saúde
- Medicina clínica é destaque nacional, com programas robustos e infraestrutura avançada, atraindo também estudantes internacionais.
3. Finanças, Economia e Negócios
- Tradicionalmente, Finanças, Economia internacional, Contabilidade e Administração figuram entre os preferidos.
- Contudo, o atrativo de Finanças sofreu abalo com mudanças no mercado e retirada de instituições estrangeiras.
4. Ciências da Vida e Biotecnologia
- Campos como biotecnologia, genética, e desenvolvimento de biofármacos estão em expansão nas universidades chinesas.
5. Novas Tecnologias Ambientais
- Cursos voltados a ciência ambiental, sustentabilidade, e engenharia de novos materiais ganham espaço no currículo nacional.
Estamos vendo e testemunhando a importância da educação profissional e atualizada para os novos tempos como a principal indução de crescimento de uma nação. Já é hora de mudar o sistema acadêmico brasileiro e, para não perder tempo: convidar as universidades chinesas para educar os nossos jovens que andam sem saber o que fazer.
Natal Furucho é especialista em big data, inteligência artificial e gestão de alta performance.