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Os enfermeiros e enfermeiras do Sistema Único de Saúde (SUS) do Distrito Federal vão paralisar suas atividades por 12 horas, nesta quarta-feira (11)das 7h às 19h.
Haverá uma mobilização será marcada por um ato público, a partir de 9h, na Praça do Buriti, em frente ao Palácio do Buriti, com participação de profissionais da enfermagem, estudantes, parlamentares, movimentos sociais e da população.
De acordo com o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal a paralisação faz parte da campanha permanente pela isonomia salarial dos enfermeiros da Secretaria de Saúde do DF, que vem sendo construída desde o ano passado e se intensificou em 2025 com ações estratégicas. A categoria denuncia o déficit de mais de 1.800 profissionais na rede, a falta de insumos, a precariedade das estruturas hospitalares e o cenário de desvalorização profissional que compromete a saúde pública e a saúde dos próprios trabalhadores.
Ainda segundo o SindEnfermeiro-DF, somente no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), por exemplo, faltam 146 enfermeiros — o equivalente a 12 mil horas de trabalho mensais descobertas. No Hospital Regional de Sobradinho (HRS), o déficit atinge 44% do necessário. Já no Hospital da Região Leste, no Paranoá, que atende cerca de 350 mil famílias, a falta de profissionais chega a 49,5% — 103 enfermeiros a menos na escala.
Apesar disso, segundo dados da Secretaria de Saúde, enfermeiros e enfermeiras são a principal força de trabalho da Atenção Básica e realizaram, só em 2024, mais de 2,1 milhões de atendimentos nas UBSs. Também foram responsáveis por mais de 4 mil inserções de DIU e pela realização de 5.700 partos pelo SUS apenas neste ano.
Mesmo sendo a categoria que mais produz na Secretaria de Saúde, a enfermagem ainda amarga a pior remuneração entre os profissionais de nível superior.
Esse cenário tem afetado as finanças e a saúde mental da categoria. Em 2022, os enfermeiros representaram 16,82% de todas as licenças médicas na rede, com afastamentos majoritários por ansiedade, estresse e outros transtornos mentais.
“Tem hospital com metade da equipe de enfermagem faltando; profissional que dobra plantão, sem material adequado, e sendo cobrado como se estivesse em plena condição de trabalho. Essa é a realidade que a categoria enfrenta. Não tem valorização possível com tanta sobrecarga e adoecimento”, denuncia o presidente do SindEnfermeiro-DF, Jorge Henrique de Sousa.
Durante o ato, a categoria também irá denunciar o aumento da violência institucional e do assédio moral, como parte de um cenário de crise que exige respostas urgentes por parte do Governo do Distrito Federal.